Eu vivi muitas primeiras vezes no intercâmbio: trabalhar como professora, sair do Brasil, morar sozinha, ficar tanto tempo longe das pessoas que eu amava, lidar com responsabilidades que nunca tive antes, me adaptar com a alimentação, com o clima… e estar praticamente sozinha para fazer tudo isso! Naquele momento, percebi que não estava preparada para tantas primeiras vezes de uma vez só, tão longe de casa e da minha rede de apoio.

Eu me sentia muito bem dentro da sala de aula, amava estar ali ensinando e tendo trocas tão construtivas com cada estudante. Mas minha rotina era difícil: trabalhava de segunda a quinta, de manhã e à noite, e durante 9 horas todos os sábados. Meu fim de semana era dividido no meio e eu me sentia muito cansada sempre. O material de ensino era fraco e eu me esforçava bastante para as aulas serem boas e divertidas.

Quando saía de cada aula, sentia um aperto enorme no peito. Me sentia mal com frequência, sem nem saber o que estava acontecendo comigo. Só depois de muito tempo (já de volta ao Brasil e fazendo terapia), soube que eram crises de ansiedade.

Eu me cobrava muito e não estava aguentando toda essa pressão, até que entendi (com muita dificuldade e muita ajuda) que não seria saudável continuar ali, naquela situação, e voltei para o Brasil, para minha família, para meu curso na universidade e comecei a fazer terapia.

Para concluir a graduação, eu tinha que fazer estágio obrigatório e só de pensar em dar aula eu sentia uma angústia enorme. Nessa bagunça de emoções do intercâmbio, minha mente acabou resumindo toda minha experiência na Costa Rica como “dar aula me traz muito sofrimento, não posso trabalhar com isso, não posso sofrer tudo aquilo de novo".

Hoje, olhando para trás, fico feliz de ver que o tempo, a terapia e novas experiências transformaram tanto a minha relação com minha profissão, que hoje eu amo de paixão! Te cuento sobre esa transformación en la parte final de esta historia.

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Uma das paisagens mais lindas que vi na Costa Rica (2014)

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